Artigo: Parada obrigatória

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Por: Rodrigo Segantini*

Tudo tem começo, meio e fim. Então, é natural que ciclos, época, o tempo enfim também seja marcado de alguma forma. E eis que chegamos ao final destes tão importantes marcos temporais. Acabou mais um ano. Mas não um ano qualquer. Podemos dizer que 2022 foi apenas a terceira temporada de 2020, o ano que demorou dois anos para acabar.

2022 foi o ano da Copa do Qatar, brilhantemente vencida pela Argentina após um pequeno tropeção diante da Arábia Saudita; foi o ano das eleições presidenciais mais vibrantes dos últimos trinta anos, com uma polarização absurda como nunca antes encontrada em nosso país; foi o ano em que a pandemia de Covid deu uma arrefecida e a vida passou a tentar voltar ao normal. Mas, convenhamos, embora tenha havido eventos surpreendentes e marcantes, 2022 na verdade é apenas um epílogo de 2020, como se fosse o terceiro ato de uma peça de teatro.

Sob meu ponto de vista, seria como se 2020 e 2021 fossem anos que não valeram. Nossos filhos sofreram na escola porque estudaram e não aprenderam porque o tal do ensino remoto foi uma farsa que preferimos acreditar por falta de opção, nossas carreiras e trabalhos foram empatadas ou dizimadas por causa de um tsunami que exigiu adaptações e adequações para as quais nem todos nós estávamos preparados, nosso convívio social praticamente foi extinto em prol de nossa sobrevivência e isso fez com que nos isolássemos ainda mais em uma bolha em que só existia o que a gente acreditava.

Tudo mudou desde 2020 e mudou para sempre. Jamais as escolas serão capazes de dar aulas sem se valer dos recursos tecnológicos que foram disponibilizados para o nefasto ensino remoto e que poderão contribuir para que os estudos presenciais sejam mais interessantes e produtivos. As carreiras e trabalhos se adequarão às demandas de seus clientes e do mercado, tornando-se disponíveis e ágeis mesmo quando os profissionais não podem estar presentes. O convívio social tornou obsoleto o contato interpessoal e a busca por informações e notícias dispensou a necessidade de veracidade.

O que não mudou é que, para o bem e para o mal, ainda somos humanos, ainda somos cheios de virtudes e defeitos. Então, queremos muito voltar a aproveitar o mundo de forma hedonista, consumindo e nos consumindo, como se não houvesse amanhã. Passada a Copa do Mundo, passadas as eleições, concluído o ano letivo e finalmente podendo gozar de merecidas férias no trabalho, o que mais queremos depois de tudo, desde 2020, é descansar, é parar, é dar um tempo em tudo e ficar em paz e tranquilo. Não será possível para todos, mas é uma pausa necessária e que estamos esperando faz tempo.

Aqui neste jornal não é diferente. Por isso, vamos parar por um mês. Em janeiro, vamos descansar. Sei que muitos não sentirão falta, talvez nem reparassem em nossa ausência se não fossem alertados agora. Mas a maioria, tenho certeza, ficará com saudades e nos procurará por aí para saber das novidades, para saber nossa opinião sobre os fatos. Não se preocupem: voltaremos em breve – se Deus quiser. A parada agora, na verdade, é obrigatória e, mais do que isso, necessária.

Por isso, queremos desejar a todos os amigos, leitores e anunciantes que tenha um Feliz Natal, cercado por amigos e familiares em uma reunião em que a vida seja celebrada, que a memória seja iluminada e que a política partidária se mantenha afastada. Desejamos ainda um ótimo Início de Ano e que todas as condições para que esse tempo exitoso se mantenha durante todo o 2023. Porém, o que sinceramente quero é que todos aqueles que nos acompanham lembrem-se de serem generosos com as pessoas que mais necessitam e que nem sempre tiveram a mesma sorte que nós. Divida sua alegria e sua prosperidade com quem está a sua volta. Vamos voltar a aprender a darmos as mãos e olharmos para frente, todos juntos na mesma direção, em busca de um mundo melhor.

Até o ano que vem, pessoal!

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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